Pesquisa
aponta que UTIs com acreditação têm melhor desempenho
Hospitais
que seguem os padrões internacionais de qualidade e segurança, e que são
detentores de acreditação – espécie de selo que atesta esses quesitos -, têm
performance 25% superior à alcançada por hospitais não acreditados. Essa é uma
das estatísticas fornecidas pelo Epimed Monitor, software empregado no projeto
UTIs Brasileiras, desenvolvido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(AMIB) em parceria com Epimed Solutions, empresa do ramo de gestão de
informações clínicas. O programa avalia continuamente cerca de 800 unidades de
terapia intensiva de 450 hospitais do país, o que significa que 11 mil leitos
são monitorados, num total de mais de um milhão e meio de pacientes em sua
base.
Dessa
amostragem, cerca de 90 apresentam a mais alta performance de acordo com a
Matriz de Eficiência gerada pelo sistema. “É importante dizer que dessas 90
unidades, a maior parte é de hospitais acreditados pela Joint Commission
International (JCI)”, revela o diretor de Desenvolvimento de Negócios e
Inovação da Epimed Solutions, Jorge Salluh. Outro fator que chama atenção é que
as UTIs de instituições com acreditação JCI – maior e mais antiga agência
verificadora da qualidade e segurança em saúde do mundo – apresentam rendimento
superior do que unidades acreditadas por outras instituições.
O médico
José de Lima Valverde Filho, coordenador de acreditação do Consórcio Brasileiro
de Acreditação (CBA), parceiro associado no Brasil da JCI, entende que esse
resultado é reflexo de uma cultura de segurança que se dá por uma série de
atitudes e comportamentos individuais e coletivos que têm por objetivo cumprir
tarefas da maneira mais correta e mais segura possível. “Os padrões da JCI
obrigam os hospitais a terem diretrizes e protocolos baseados em evidências
para tratar os pacientes. Tenho convicção de que esse reflexo da acreditação na
UTI ocorre em todos os locais do hospital: no centro cirúrgico, nas
enfermarias, nos quartos etc. Talvez isso apenas não esteja sendo medido de
maneira tão clara como está sendo feito com as UTIs”, afirma.
Qualidade
em saúde
Diretor
médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), Fernando Colombari afirma que com
o software foi possível avaliar o andamento do trabalho, fazendo um
acompanhamento dos relatórios gerados pelo sistema. Entre os resultados
alcançados, ele destaca a redução de infecção relacionada à assistência à
saúde. “O tempo de permanência também melhorou muito quando conseguimos
estudar, através dos dados do sistema, quais eram os pacientes de longa
permanência: suas características, procedência, tempo de permanência na UTI”,
garante. De acordo com o diretor médico, o programa vai ao encontro do que a
acreditação promove: a reavaliação constante de processos para a melhoria da
qualidade e segurança.
Também
acreditado pela JCI, o Real Hospital Português de Beneficência (PE) já
apresenta resultados que refletem no atendimento ao paciente. “Registramos uma
queda de mais de 10% no tempo de permanência do paciente na UTI e também nos
índices de mortalidade no setor. O software tem sido um ótimo instrumento para
monitorar e mensurar resultados e, com isso, melhorar a qualidade da
assistência”, pondera o chefe da Terapia Intensiva da unidade, Noel Loureiro.
Para a
coordenadora da UTI do Hospital Rios D’Or (RJ), a intensivista Alessandra
Alves, o sistema Epimed auxilia na prestação do cuidado seguro, uma vez que os
dados são avaliados diariamente, o que permite a checagem de todo o processo.
“E o que a JCI nos cobra é exatamente resultado”, enfatiza. Entre os
indicadores que o utilitário ajudou a alavancar no Rios D’Or, a médica destaca
o acompanhamento de infecções associadas à internação e de notificação de
eventos relacionados à segurança do paciente. “O sistema contém um checklist de
avaliação diária do paciente da UTI e, seguindo esse protocolo, podemos
garantir maior segurança aplicada”, afirma.
O diretor
de Desenvolvimento de Negócios e Inovação da Epimed Solutions, Jorge Salluh,
ressalta que os tempos de internação na UTI e taxas de mortalidade são cerca de
20% mais baixos, nos hospitais acreditados.
Monitorando
a qualidade
Salluh
explica que os dados são coletados diariamente e continuamente atualizados.
“Temos algoritmos de checagem e de qualidade e consistência de dados e as
informações são importadas diretamente do prontuário eletrônico”, explica. Ele
adianta que o sistema revela algumas características dos hospitais e das
unidades de terapia intensiva, dos perfis das instituições e indicadores de
produção das UTIs. É possível saber, por exemplo, o volume de pacientes, o
perfil epidemiológico deles, a utilização de recursos dentro da unidade e os
desfechos de cada caso, que são os mais utilizados para medir o resultado e a
eficiência das unidades de terapia intensiva e que não estão apenas
relacionados à duração da internação. “É importante avaliar o que chamamos de
mortalidade ajustada por risco, ou seja, uma taxa de mortalidade padronizada.
Utilizamos algoritmos e escores que calculam o risco médio das unidades e a
probabilidade de mortalidade média para cada uma. Essa é uma das métricas que
trabalhamos”, destaca o gestor.
De acordo
com Salluh o projeto da Epimed comprovou que, ao longo de quatro anos, os
resultados das UTIs no Brasil melhoraram: “Existe uma redução de 17% na taxa de
mortalidade padronizada e 26% da taxa de utilização de recurso padronizado”.
JCI no
Brasil
Líder
mundial em certificações da qualidade em organizações de saúde, a JCI é
representada no Brasil por seu parceiro associado, o Consórcio Brasileiro de
Acreditação (CBA), que oferece serviços de educação para a melhoria da
qualidade e segurança assistencial nas instituições de saúde.
O CBA/JCI
disponibiliza acreditação para Hospitais, Centros de Cuidados de Atenção
Primária, Cuidados Ambulatoriais, Cuidados Continuados, certificação
internacional de Programas de Cuidados Clínicos. O CBA conta ainda com
acreditações e certificações nacionais para: Operadoras de Planos de Saúde,
Organizações Sociais da Saúde (em parceria com IBROSS) e Cirurgia Segura e
Procedimentos Invasivos (em parceria com o Colégio Brasileiro de Cirurgiões).
Atualmente,
a JCI tem 1.022 acreditadas no mundo. No Brasil, há 78 instituições de saúde
acreditadas/certificadas pela metodologia JCI.