Nessa entrevista conversamos com a médica e avaliadora internacional JCI Ana Miranda sobre sua experiência em avaliações no mundo.
Veja o que ela nos contou:
Qual foi a experiência internacional que mais a impressionou no aspecto cultural e nas peculiaridades dos cuidados dos pacientes?
As rotinas de cuidados dos pacientes não variam tanto. As políticas e procedimentos seguidos hoje sao mais ou menos universais; o que muda mesmo são os aspectos culturais, como por exemplo, a forma como são tratados os direitos do paciente. Isso muda de cultura para cultura, e os avaliadores precisam compreender os valores em a instituição se insere.
Fiz uma avaliação na Ásia, e no primeiro momento, eu achei a sala de emergência cheia demais. Depois fui perceber que na verdade, grande parte das pessoas ali eram familiares, e, para eles, isso é importante, muito valorizado. Já aqui no Brasil, parece existir uma preocupação maior com a privacidade; raramente vemos mais que dois familiares. É importante ressaltar que lá, devido a essas diferenças culturais, de vários familiares acompanhando os pacientes, a instituição precisa dar ênfase ainda maior à educação dos visitantes para a prevenção e controle de infecções, como por exemplo a higiene correta das mãos antes de entrar no quarto, não sentar-se no leito do paciente e quanto ao que pode ou não ter tocado.
O avaliador precisa estar aberto a novas experiências e saber respeitar os costumes do país. Eu fui à Arábia Saudita fazer uma avaliação, e, ao pesquisar sobre a cultura local, percebi que precisava comprar uma abaya. Como conseguir uma abaya (aqui chamamos de burca), no Rio de Janeiro? Apelei até para o orkut, e finalmente consegui uma emprestada. Devidamente vestida, fiquei sabendo que não deveria entrar no país sem uma companhia masculina. Minha escala de vôo precisou ser modificada para que eu já entrasse no país acompanhada de um avaliador. Além disso, no avião existem assentos dedicados, de acordo com o gênero. De acordo com o costume local, as mulheres também não andam sozinhas na rua. Esse foi, definitivamente, o maior choque cultural que eu tive durante avaliações, mas a experiência foi muito rica. No final, tudo correu bem, sem problema,
Na Tailândia e na Turquia o que me marcou muito foi a gentileza do povo e a hospitalidade com que eu fui recebida.
Veja o que ela nos contou:
Qual foi a experiência internacional que mais a impressionou no aspecto cultural e nas peculiaridades dos cuidados dos pacientes?
As rotinas de cuidados dos pacientes não variam tanto. As políticas e procedimentos seguidos hoje sao mais ou menos universais; o que muda mesmo são os aspectos culturais, como por exemplo, a forma como são tratados os direitos do paciente. Isso muda de cultura para cultura, e os avaliadores precisam compreender os valores em a instituição se insere.
Fiz uma avaliação na Ásia, e no primeiro momento, eu achei a sala de emergência cheia demais. Depois fui perceber que na verdade, grande parte das pessoas ali eram familiares, e, para eles, isso é importante, muito valorizado. Já aqui no Brasil, parece existir uma preocupação maior com a privacidade; raramente vemos mais que dois familiares. É importante ressaltar que lá, devido a essas diferenças culturais, de vários familiares acompanhando os pacientes, a instituição precisa dar ênfase ainda maior à educação dos visitantes para a prevenção e controle de infecções, como por exemplo a higiene correta das mãos antes de entrar no quarto, não sentar-se no leito do paciente e quanto ao que pode ou não ter tocado.
O avaliador precisa estar aberto a novas experiências e saber respeitar os costumes do país. Eu fui à Arábia Saudita fazer uma avaliação, e, ao pesquisar sobre a cultura local, percebi que precisava comprar uma abaya. Como conseguir uma abaya (aqui chamamos de burca), no Rio de Janeiro? Apelei até para o orkut, e finalmente consegui uma emprestada. Devidamente vestida, fiquei sabendo que não deveria entrar no país sem uma companhia masculina. Minha escala de vôo precisou ser modificada para que eu já entrasse no país acompanhada de um avaliador. Além disso, no avião existem assentos dedicados, de acordo com o gênero. De acordo com o costume local, as mulheres também não andam sozinhas na rua. Esse foi, definitivamente, o maior choque cultural que eu tive durante avaliações, mas a experiência foi muito rica. No final, tudo correu bem, sem problema,
Na Tailândia e na Turquia o que me marcou muito foi a gentileza do povo e a hospitalidade com que eu fui recebida.
Em algum país você viu alguma solução inusitada para problemas comuns? Como foi?
Um hospital da Turquia fez uma articulação interessante para certificação de veracidade de diplomas na fonte primária. Para garantir que os diplomas apresentados por profissionais de saúde são verdadeiros e assegurar a segurança do paciente, eles conseguiram fazer um acordo com o Conselho de Medicina local, que passou a fazer essa verificação dos diplomas nas universidades e faculdades que emitiram os mesmos. O Conselho publica a verificação de diplomas na internet e deixa disponível para acesso e conferência. Essa foi uma contribuição do processo de Acreditação para o país, e pode (deve!) ser exemplo para outras instituições como uma solução eficaz.
Os avaliadores internacionais viajam muito. Como é a jornada de trabalho fora de seu país?
O trabalho começa semanas antes do início da avaliação, quando o avaliador recebe as informações referentes à instituição e à avaliação. Ele revê toda a documentação necessária, incluindo perfil do hospital e tipos de serviços oferecidos. Também é necessário pesquisar sobre os costumes do país para evitar gafes e se preparar melhor.
Dependendo da região do mundo, a viagem pode durar ate dois dias, com diversas conexões. Por isso a maioria aprende a viajar com bagagem de mão, sem correr o risco de um temido extravio. Nem sempre essas conexões são feitas de avião. Eu já precisei atravessar o deserto em um carro com várias pessoas. Foi uma aventura e tanto!
Uma vez no país, o avaliador se reúne com a equipe avaliadora para ajustes dos últimos detalhes da avaliação.
Durante a avaliação, a jornada de trabalho é de aproximadamente 18 horas diárias. Isso inclui a avaliação, reunião diária de avaliadores e elaboração do relatório.
Se houver vôos disponíveis, o retorno ao país pode ser no mesmo dia do término da avaliação. Se não houver, o retorno é feito no dia seguinte. Nesse caso, o avaliador pode dar um passeio, mas o cansaço costuma impedir longas distâncias e aventuras além-hotel.
Um hospital da Turquia fez uma articulação interessante para certificação de veracidade de diplomas na fonte primária. Para garantir que os diplomas apresentados por profissionais de saúde são verdadeiros e assegurar a segurança do paciente, eles conseguiram fazer um acordo com o Conselho de Medicina local, que passou a fazer essa verificação dos diplomas nas universidades e faculdades que emitiram os mesmos. O Conselho publica a verificação de diplomas na internet e deixa disponível para acesso e conferência. Essa foi uma contribuição do processo de Acreditação para o país, e pode (deve!) ser exemplo para outras instituições como uma solução eficaz.
Os avaliadores internacionais viajam muito. Como é a jornada de trabalho fora de seu país?
O trabalho começa semanas antes do início da avaliação, quando o avaliador recebe as informações referentes à instituição e à avaliação. Ele revê toda a documentação necessária, incluindo perfil do hospital e tipos de serviços oferecidos. Também é necessário pesquisar sobre os costumes do país para evitar gafes e se preparar melhor.
Dependendo da região do mundo, a viagem pode durar ate dois dias, com diversas conexões. Por isso a maioria aprende a viajar com bagagem de mão, sem correr o risco de um temido extravio. Nem sempre essas conexões são feitas de avião. Eu já precisei atravessar o deserto em um carro com várias pessoas. Foi uma aventura e tanto!
Uma vez no país, o avaliador se reúne com a equipe avaliadora para ajustes dos últimos detalhes da avaliação.
Durante a avaliação, a jornada de trabalho é de aproximadamente 18 horas diárias. Isso inclui a avaliação, reunião diária de avaliadores e elaboração do relatório.
Se houver vôos disponíveis, o retorno ao país pode ser no mesmo dia do término da avaliação. Se não houver, o retorno é feito no dia seguinte. Nesse caso, o avaliador pode dar um passeio, mas o cansaço costuma impedir longas distâncias e aventuras além-hotel.
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