segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A insegurança nossa de todo dia

A insegurança nossa de todo dia
Por Heleno Costa Júnior, diretor de Relações Institucionais e Coordenador de Educação do CBA


Mais uma notícia veiculada pela imprensa nos coloca de frente com uma situação de erro cometido em um processo de cuidado prestado a um paciente em uma instituição de saúde. Também mais uma vez temos a noticia de que a decisão a ser tomada foi a demissão incondicional da profissional que foi agente direta do erro alegado.



A Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu site e no âmbito dos textos relacionados com seu programa sobre segurança do paciente, apresenta estimativas que indicam que de cada dez pacientes atendidos, diariamente, em uma instituição de saúde em todo o mundo, pelo menos um sofre algum dano relacionado com o seu atendimento. É uma estatística que nos coloca diante de um desafio gigantesco, quando nós assumimos a posição de gestor ou avaliador de processos de qualidade e segurança em saúde.



O risco é inerente aos processos de cuidado que prestamos individualmente a cada paciente, mais do que em qualquer outra área de serviços. A própria condição ou estado clínico do paciente pode se tornar um fator de risco, mesmo quando o procedimento é de baixa complexidade. As estatísticas de outros organismos e entidades em todo o mundo também corroboram com essa estimativa apresentada pela OMS.



No trabalho que o CBA e JCI desenvolvem na avaliação externa de instituições de saúde, ficam absolutamente evidentes essas circunstâncias e situações de insegurança no cuidado prestado ao paciente. Entre os principais fatores estão a inadequada ou insuficiente qualificação dos profissionais, ausência de protocolos ou procedimentos que orientem a prática clínica segura e a inexistência de programas ou planos de gestão direcionados para a identificação, notificação e monitoramento de risco, eventos adversos ou quase falha. Os padrões internacionais contidos nos manuais do programa de acreditação CBA-JCI abordam de forma direta e estruturada essas questões.



No caso do manual hospitalar existe um grande conjunto de padrões organizados em um capítulo cujo título é: Melhoria da Qualidade e Segurança do Paciente. Esses padrões abordam, entre outros, elementos como: estabelecimento de um programa de gestão de risco institucional, capacitação das lideranças e profissionais acerca de ferramentas e instrumentos para gestão da qualidade e segurança e estabelecimento de indicadores clínicos de desempenho, incluídos aí, de forma especial, os procedimentos de alto risco como cirurgias, anestesia, sedação e outros invasivos.



A definição e estabelecimento de diretrizes clínicas e protocolos têm o objetivo precípuo de constituir uma determinada uniformidade nas práticas e condutas dos profissionais em geral, buscando minimizar ou evitar variações indesejáveis, entre as quais, de fato, a ocorrência de erros na prestação do cuidado ao paciente.



Uma das estratégias do programa de acreditação internacional CBA-JCI é a adoção das chamadas Metas Internacionais de Segurança do Paciente, que se propõem exatamente a considerar a definição e utilização de políticas e procedimentos como parte de situações que podem colocar diretamente os pacientes em risco. São seis as metas estabelecidas, sendo: identificação correta de pacientes, comunicação efetiva no fornecimento de prescrição ou ordem verbal ou telefônica, uso de medicamentos de alta vigilância, cirurgias seguras em paciente, lado e procedimentos corretos, uso correto de técnicas de higiene das mãos e prevenção de lesões decorrentes de quedas. As metas também fazem parte do conjunto de padrões dos manuais internacionais CBA-JCI.



Não vamos eliminar de fato a insegurança nossa de cada dia, pois o risco zero em saúde é uma ficção, mas com estratégias adequadas podemos minimizar sua presença e quem sabe assim, não vamos tanto ouvir noticias tão recorrentes sobre tais fatos.



Nos próximos artigos vou abordar as seis metas para apresentar exemplos e formas de aplicação.
Fonte: http://www.diagnosticoweb.com.br/blog-posts.asp?posId=328&CatId=53

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